Oito de março: lembrando a luta das mulheres

25-03-2011 09:59

Luta das mulheres é lembrada em todo o mundo. No Brasil, violência e desigualdade salarial permanecem altas. Na Petrobras, mulheres e homens estão longe de possuir as mesmas condições.

O dia internacional da mulher, o dia 8 de março, foi originado como memória às 129 tecelãs assassinadas nos Estados Unidos, em uma fábrica, em 1857. Elas participavam da primeira greve norte-americana só de trabalhadoras e lutavam pela jornada de 10 horas. A data continua sendo lembrada em todo o mundo como expressão da luta conta a opressão e exploração sofrida pelas mulheres. Sendo mais da metade da população mundial, ainda são as que mais sofrem com as condições desiguais de emprego, salário, além da opressão vivida cotidianamente com abusos sexuais, violência, entre outros aspectos.

Para as mulheres do mundo árabe, este ano, a data teve um significado diferente: na Tunísia, no Egito, na Líbia e em vários países protagonistas na luta contra as ditaduras daqueles países, puderam ir às ruas e lembrar a situação de opressão vivida por elas historicamente.

No Egito, reivindicaram punição aos abusos sexuais e à mutilação genital, uma maior representação parlamentar e a necessidade de refletir a luta antimachista na Comissão de Sábios que se propõe a reformar a Constituição. Além disso, lutam para retornar ao mercado de trabalho, já que o ditador deposto, Mubarak, desenvolvia uma política de exclusão das mulheres.

Já na Líbia, centenas de mulheres protestaram contra as proibições machistas nas ruas, em uma marcha intitulada “Tome de volta a noite”. Lutam contra os padrões estéticos e o assédios no trabalho. Também, organizações de mulheres lembram abusos sofridos por trabalhadoras estrangeiras, que levam muitas delas ao suicídio. As mulheres na Líbia participam ativamente da luta contra Kaddafi e várias organizações feministas tem surgido a partir daí. Essa realidade também acontece na Tunísia. Foram as mulheres que iniciaram a luta contra o ditador Bem Ali. Agora, organizações de mulheres, após a derrubada do ditador, se organizam na exigência a reivindicações femininas, com leis que garantam a igualdade, como a expansão da lei de cotas eleitorais conquistada anteriormente.

Mas, a situação de opressão não só acontece no mundo árabe. Por isso, mulheres de todo o mundo tem se mobilizado contra suas condições de vida, pioradas após a crise Econômica em 2008. Na tentativa de salvar bancos e empresas, ocorreram várias demissões e retirada de direitos, tendo reflexos mais profundos às mulheres, que já ocupam os piores postos de trabalho e em condições mais precárias.

No Brasil não é diferente, além de ocuparem os piores postos, apesar de mais qualificadas chegam a ganhar 30% menos que um homem que exerce a mesma função. Sem falar na violência sofrida cotidianamente: a cada 15 segundos uma mulher é vítima da violência, a cada dois minutos agredida, e 3,9 mulheres são assassinadas a cada 100 mil habitantes. Além disso, ainda sofrem com a falta de creches e com a licença maternidade de seis meses não garantida a todas. Com as últimas medidas do governo a situação piora para os trabalhadores e as mulheres são as que mais sofrem: aumento da alimentação básica em 66%, do preço das passagens, congelamento dos salários, corte de R$ 50 bilhões do orçamento geral da união e do concurso público, arrochos salariais e aumento do salário mínimo em R$ 35,00, enquanto o dos parlamentares subiu R$ 10 mil. 

Até mesmo em locais de trabalho que aparentemente teriam os mesmos direitos é bem visível a desigualdade, aproveitada pelas empresas para explorar ainda mais e obter mais lucros. Na Petrobras, por exemplo, mulheres e homens estão longe de possuir as mesmas condições. O direito de participar da operação de uma refinaria veio através da luta. Mas, ainda hoje as petroleiras sentem na pele as diferenças de gênero. Na empresa, as petroleiras não chegam nem a 15% da categoria, não têm direito a creche, nem a banheiros e vestiários específicos, a licença maternidade não é automática e ainda sofrem com uma “seleção camuflada” para os embarques - em muitos casos não conseguem embarcar e tem seus salários menores por conta disso. Pesquisa da Ouvidoria da Petrobrás em 2009 revelou o assédio sofrido pelas trabalhadoras. As mulheres são as maiores vítimas de assédio moral e sexual na empresa. Das ouvidas, 9,9% afirmaram já terem sido vítimas de assédio sexual e 25% de assédio moral. Já 15,3% disseram ter presenciado situações de assédio sexual e 36,4% do moral. O pior é que na maioria das vezes as petroleiras não tem condições de denunciar e quando conseguem, os assediadores contam com o acobertamento das chefias - que são muitas vezes os opressores - e ficam em sua maioria impunes. Para as trabalhadoras de empresas privadas é ainda pior. Sofrem constantes assédios e não possuem nem mesmo o direito de engravidar. Não têm licença maternidade garantida e várias delas já foram demitidas após retornarem da licença.

Por tudo isso, o exemplo das mulheres árabes é um exemplo na luta das mulheres que deve ser seguido. O Sindipetro-NF deve se transformar no porta-voz incansável na luta contra a opressão às mulheres, sem baixar a cabeça para as chefias, empresas e governos.