Chapa 2 faz debate de gênero no Aeroporto de Macaé
O terceiro dia de votação foi marcado pelo debate sobre a situação da mulher petroleira, no Aeroporto de Macaé. Duas ativistas do movimento Mulheres em Luta, da CSP Conlutas, que apóiam a Oposição, fizeram intervenções durante o debate entre as Chapas, colocando a necessidade de um sindicato que reflita a luta das mulheres petroleiras, que sofrem com a opressão cotidianamente na sociedade e, também, em seus locais de trabalho.
A Oposição possui quatro mulheres em sua diretoria que já travam a luta no seu cotidiano, algumas delas, Cipeiras, são perseguidas pelas chefias e intimidadas também por serem mulheres. Além disso, sofrem dificuldades para militar por terem filhos. Por tudo isso, sentem na pele a opressão e entendem ser de fundamental importância ter uma diretoria de fato comprometida com a luta das mulheres.
Como fruto do debate, elaboramos um material específico sobre a realidade da mulher petroleira. Veja abaixo:
Nestas eleições, não podemos deixar de discutir, com nossas petroleiras, a opressão que sofremos na vida e nos setores de trabalho. Nós mulheres representamos quase metade da população inserida no mercado. Em todas as profissões, para as trabalhadoras sobram os trabalhos mais precarizados, mesmo no serviço público, sendo, portanto, as principais vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Continuamos sendo oprimidas e exploradas no dia a dia. As mulheres ainda são as mais pobres, que trabalham mais horas, recebem os menores salários e mais adoecem. Além disso, cumprem uma dupla jornada, já que também enfrentam o trabalho doméstico. Toda esta situação consegue ainda ser pior, se a mulher é negra ou lésbica, pois precisa enfrentar a discriminação machista, homofóbica e racista, utilizada pelos patrões para explorar cada vez mais as trabalhadoras. Na Petrobrás e terceirizadas não é diferente. Até mesmo em locais de trabalho que aparentemente teriam os mesmos direitos, como os setores em que o ingresso é por concurso, é bem visível a desigualdade, aproveitada pelas empresas para explorar ainda mais e obter mais lucros. Na Petrobrás, por exemplo, mulheres e homens estão longe de possuir as mesmas condições. O direito de participar da operação de uma refinaria veio através da luta. Mas, ainda hoje as petroleiras sentem na pele as diferenças de gênero. Na empresa, as petroleiras não chegam nem a 15% da categoria, não têm direito a creche, e em muitas plataformas, nem a banheiros e vestiários específicos; a licença maternidade não é automática e ainda sofrem com uma “seleção camuflada” para os embarques - em muitos casos não conseguem embarcar e tem seus salários menores por conta disso. A moeda de troca para as mulheres que se dispõem a crescer profissionalmente é dar um aumento de nível, para que ela não venha a cumprir a tarefa desejada, como o embarque e funções de destaque na empresa (acompanhamento de perfuração de poços, chefia de parada nos setores operacionais, entre outras atividades). A pesquisa da Ouvidoria da Petrobrás em 2009 revelou o assédio sofrido pelas trabalhadoras. As mulheres são as maiores vítimas de assédio moral e sexual na empresa. Das ouvidas, 9,9% afirmaram já terem sido vítimas de assédio sexual e 25% de assédio moral. Já 15,3% disseram ter presenciado situações de assédio sexual e 36,4% do moral. O pior é que na maioria das vezes as petroleiras não tem condições de denunciar e quando conseguem, os assediadores contam com o acobertamento das chefias - que são muitas vezes os opressores - e ficam em sua maioria impunes. Nos setores administrativos com grande presença feminina, o assédio moral é intensificado. A chefia é composta em sua grande maioria por homens e o controle é cotidiano, dificultando a organização das mulheres e a denúncia dos casos de machismo. Para as trabalhadoras de empresas privadas é ainda pior. Muitas empresas só contratam mulheres para receber incentivo fiscal do governo. Por isso, elas ocupam as piores funções, sofrem constantes assédios e não possuem nem mesmo o direito à maternidade. Não têm licença maternidade garantida e várias delas já foram demitidas após retornarem da licença. Foi sancionada no dia 10 de setembro de 2008, a extensão da licença maternidade de quatro para seis meses. Mas, é um direito que não é efetivado nem na Petrobrás. A trabalhadora precisa solicitar a extensão individualmente, ficando exposta ao assédio moral por conta da pressão sofrida para alcançar o índice de produtividade. As creches também não são garantidas, nem na Petrobrás, nem nas terceirizadas. A ausência das mesmas nos locais de trabalho impossibilita, por exemplo, a continuidade da amamentação após a licença maternidade. A Chapa 2 entende que o combate à opressão às mulheres é parte da luta do conjunto da categoria e se unifica à bandeira histórica por melhores condições de trabalho. Tem, em sua diretoria, mulheres que travam a luta no seu cotidiano contra essa situação na empresa, e, por isso, são retaliadas e punidas. Acreditamos que a luta das mulheres petroleiras deve ser travada de forma consequente, no cotidiano e não apenas lembrada nas datas comemorativas. Por isso, propomos:Vote Chapa 2, para organizar a vida das mulheres petroleiras!