Após dizer que greve no LP seria derrotada, Sindipetro-NF tenta desqualificar vitória histórica
Litoral Paulista, 6 de maio de 2011
Além de não receber nenhuma manifestação de solidariedade dos sindicatos filiados à fup, a greve vitoriosa encampada pelos petroleiros do Sindipetro-LP ainda foi alvo de acusações mentirosas do Sindipetro-NF/fup.
Diante da proximidade da eleição no Norte Fluminense, que acontece entre 11 e 31 de maio, a atual diretoria iniciou um verdadeiro ataque à Oposição, representada pela Chapa 2 – Unidade e Independência, que tem o apoio da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Com o objetivo de desqualificá-la, a atual direção afirmou durante toda a campanha nos aeroportos, nos embarques e desembarques dos petroleiros da Bacia de Campos, que a nossa greve seria derrotada e que o Sindipetro-LP estava sendo irresponsável com os trabalhadores.
Mesmo após os 23 dias de greve a postura não mudou. Pelo contrário, demonstrando uma completa indiferença à solidariedade de classe, aprofundaram a campanha de descrédito ao nosso movimento, chegando a afirmar em tom sarcástico que a derrota era apenas questão de tempo e que o Sindicato iria brigar apenas para não ter os dias descontados.
Após a vitória na justiça, foram obrigados a engolir a postura soberba e mudar a linha do discurso. O problema deixou de ser então a suposta derrota, mas o fato da vitória ter tido o seu desfecho decidido pela “justiça burguesa”.
Surpreende tal argumento, uma vez que esta acusação parte justamente de uma direção sindical degenerada, intimamente ligada à burguesia que ora critica. Os mesmos sindicalistas que acusam os trabalhadores de recorrerem à “justiça burguesa” para lutar por seus direitos, são aqueles que venderam direitos e traíram a categoria em troca de salários de até R$ 40 mil na alta cúpula da Petrobrás.
O atrelamento desses dirigentes ao governo e à empresa seria suficiente para desmoralizar esta acusação. No entanto, é preciso deixar claro que as conquistas no Litoral Paulista não foram obtidas sem luta. Enquanto os dirigentes do Sindipetro-NF se esforçavam em produzir mentiras com fins eleitoreiros, os trabalhadores da UTGCA e plataformas de Merluza e Mexilhão estavam de braços cruzados, sofrendo as mais perversas formas de assédio moral e atitudes anti-sindicais, para brigar por melhores direitos e condições seguras de trabalho.
A greve, que foi considerada legal com o pagamento dos dias parados sem compensação, conquistou direitos importantes como o Dia do Desembarque e o Dia do Embarque, mas tem como principal vitória a luta por segurança. A empresa será obrigada a implementar um plano estratégico na UTGCA que cumpra as NR’s (Normas Regulamentadoras) em vigor e o PRE (Plano de Resposta à Emergências), medidas que estavam sendo ignoradas pela empresa. Em caso de descumprimento, a companhia terá que desembolsar R$ 10 mil por dia em forma de multa.
No entanto, mesmo diante da evidente vitória conquistada em uma base da FNP, os dirigentes do Sindipetro-NF não cederam e, por fim, afirmaram que a greve havia aberto um “péssimo precedente”. Segundo eles, futuramente a empresa poderá entrar com um processo de dissídio mesmo sem o acordo do sindicato, uma vez que nosso dissídio foi levado pelos trabalhadores sem o acordo da empresa.
Se não fosse grave a acusação, esta declaração seria motivo de piada. Apenas no mundo fantasioso desses dirigentes conseguiríamos o consentimento da empresa para iniciarmos uma ação judicial que cobrava direitos negados por ela própria há mais de um ano. Provavelmente, tal visão tenha como alicerce a relação extremamente amistosa e conciliatória que esses dirigentes nutrem com o RH da empresa. Se para eles as negociações são decididas ‘a portas fechadas’, com acordos rebaixados que não refletem em absoluto a vontade dos trabalhadores, nos sindicatos da FNP as ações são impulsionadas com mobilização e solidariedade.
O balanço que fica dessa postura dos dirigentes do Sindipetro-NF é de profunda decepção e, mais ainda, surpresa. Uma estratégia usada com frequência por gerentes da empresa para desmobilizar os trabalhadores, foi utilizada dessa vez por sindicalistas que deveriam estar defendendo a mesma bandeira, a mesma causa.